Crítica | Com poucas inovações, novo Saints Row tenta se garantir com reboot da franquia e história séria, mas nem tanto

Saints Row firma seu legado desde 2006 como uma espécie de clone de GTA, mas com suas próprias liberdades. Uma sátira do que fazia o game da Rockstar um sucesso: ser completamente anárquico no que é permitido e o que é “divertido” de se fazer num mundo de faz de conta, mas que finge ser real. 

Depois de validar o chefe de uma organização criminosa como o presidente dos EUA, e o transformar na última esperança da raça humana numa guerra alienígena travada nas ruas de Steelport (uma versão fictícia de Nova York), a equipe de desenvolvimento da Volition achou melhor recomeçar as coisas. Saints Row (2022) é um recomeço com poucas novidades.

Bem-vindo à Santo Ileso

Pela primeira vez na costa leste dos Estados Unidos, Santo Ileso é uma versão fictícia de Las Vegas, cidade do estado de Nevada. O terreno montanhoso, as ruas decadentes de El Dorado e gangues como Los Panteros ou os Idols, imprimindo suas próprias vontades nas ruas faz da região o lugar perfeito para se começar um novo império.

Assim como nos demais jogos, o jogador assume o papel do Chefe (Boss), só que desta vez, seu personagem padrão é uma garota. Recém aceita na organização paramilitar dos Marshalls, ela meio que vai do melhor dia da sua carreira para o pior em duas noites.

No fundo do poço e sem dinheiro para pagar o aluguel, o grupo de amigos composto Neenah, mecânica dos Los Panteros, Kevin, DJ dos Idols, e Eli, nerd diplomado com um MBA. Juntos eles percebem que a única saída para a situação em que estão é a de forma seu próprio império criminoso.

Mais do mesmo?

Saints Row continua sendo um dos jogos de mundo aberto mais gostosos de serem jogados. Missões rápidas, sidequests repetitivas, mas que nos ajudam a cumprir certos objetivos de “grind” de forma eficiente, uma extensa variedade de veículos à disposição e armas, muitas armas.

Quem já pôs as mãos em algum jogo da série não encontrará dificuldades para aprender as nuances do novo game. Quem nunca experimentou terá a oportunidade de jogar um jogo bem redondinho na parte de gameplay, que mistura maluquices como fingir ser atropelado para garantir a restituição de um seguro de vida ou sair voando com sua wingsuit de dentro de automóveis em movimento.

Curioso notar que apesar dos adiamentos, o game não evolui tanto no que se propõe. Difícil negar a diversão, mas não há novidade, não há nenhum tipo de ineditismo dentro do gênero. Nem mesmo a sátira consegue prender a atenção do jogador por muito tempo, como alguns dos jogos anteriores conseguiam.

Faltaram uns 30 minutinhos ali para limpar arestas, criar algumas novas animações de interação com objetos que não parecessem coisa de 10 anos atrás e, claro, corrigir problemas que impedem o avanço do jogador. Um patch que será lançado no lançamento do jogo deve corrigir alguns problemas, ou esperamos.

Construindo um império do nada

É fácil fazer parte da gangue dos Saints quando os mesmos já são um império do crime. Difícil mesmo é erguer essa organização criminosa do zero, sem dinheiro e com quatro pessoas apenas.

Para se tornarem uma instituição, os Saints precisam investir e se adaptar às demandas do mercado. No game somos obrigados a comprar estabelecimentos de negócio e cuidar para que essas atividades empreendedoras gerem lucro.

A coleta do dinheiro arrecadado, assim como quase todos os menus do jogo acontecem através do seu celular. Os minigames gerados por cada instituição criminosa divertem, mas se prolongam demais. A repetição parece ser o motor principal do jogo, que ajuda na evolução das suas habilidades, mas deixa de divertir depois de um certo tempo.

Maluquices à vista

Saints Row tem sua própria dose de originalidade em missões especiais, principalmente as fundamentadas no LARP jogado “pela cidade toda”, segundo Eli. A ideia de um “live rpg” dentro do game é engraçada, as missões realizadas são bacanas e as interações com os personagens arrancam sorrisos (principalmente quando ouvimos o som das armas “pew-pew” da boca de alguns).

Só que o jogo não muda, continua sendo um tiroteio dividido em hordas com poucas nuances que pudessem torná-lo único. Some isso à falta de mais diversidade nos inimigos, afinal estamos falando apenas de duas gangues antagonistas principais (Los Panteros e os Idols), a força policial padrão e a organização paramilitar dos Marshalls.

Das missões principais, algumas chamam bastante atenção, principalmente por conta da preparação e do clímax de cada uma delas. Mas ao mesmo tempo, às vezes enfrentamos chefes de fase que só descobrimos que eram chefes depois que o jogo avisa.

Saints Row tem uma cara de jogo antigo, mas sem querer. Não é a busca pela nostalgia, é somente a falta de originalidade na hora de criar algo que arranca suspiros dos jogadores. Novamente, o game parece estacionado no tempo. Se tomarmos como base o próprio GTAV, que logo completará 10 anos, o novo Saints Row, de 2022, fica pior ainda na fita.

 

■ Jogo: Saints Row  ■ Publicação: Deep Silver  ■ Desenvolvedora: Volition
■ Plataformas: PS4, PS5, Xbox One, Series X / S, PC, Stadia   ■ Lançamento: 23/08/2022

 

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