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Crítica | Cuphead: The Delicious Last Course é uma expansão saborosa

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Quando Cuphead foi lançado em 2017, queixos foram derrubados com o espetáculo em sua identidade visual estilo “desenho animado à moda antiga”, repleto de homenagens e referências, na forma de um jogo de tiro e plataforma embalado por uma trilha sonora simplesmente incrível. Virou um clássico instantâneo!

E, claro, por trás da beleza há uma mecânica simples e eficiente, livre de qualquer tipo de assistência de jogabilidade que, para infelicidade de muitos, pode tornar o jogo difícil. Talvez eu não seja uma “referência” para argumentar a respeito de dificuldade, mas enxergo nesse aqui um teste de habilidade e reflexo. Ele exige treino e isso vem com muita tentativa e erro, principalmente para decorar padrões… assim como era nos jogos da era 8 a 32-bit.

Agora, cinco anos após o lançamento do jogo original (no Xbox One), o estúdio MDHR finalmente soltou a tão aguardada expansão The Delicious Last Course que, olha só, resgata todos os aspectos marcantes e incríveis supracitados do jogo base e acrescenta ainda mais qualidade e desafio.

Uma DeLíCia extravagante

Assim como o jogo base, The Delicious Last Course mantém o alto nível de excelência e mesmo com um terço do tamanho, há um caprichoh absurdo. Se você tem um save completo do jogo, vai ter alguns benefícios e acesso imediato a uma quarta ilha. Agora caso tenha começado a aventura do zero, a DLC ficará acessível assim que completar o desafio de libertar a Senhorita Cálice alí no comecinho da primeira ilha.

De um jeito ou de outro, um barqueiro vai aparecer (não importa em qual das três ilhas esteja), fale com ele para ser levado à ilha IV para ser apresentado à nova história. E o objetivo aqui é ajudar a Srta. Cálice, presa ao plano astral.

A nova personagem detém um biscoito especial que permite a quem comê-lo trocar de lugar com ela temporariamente. Com a ajuda do Chef Pitadinha, eles precisam reunir ingredientes para criar uma torta especial com efeitos permanentes de troca. E para obter os ingredientes, é preciso derrotar os novos chefes. Uma história simples, mas suficiente e com animações espetaculares.

Num primeiro momento a DLC pode parecer curta, mas ela presa qualidade acima de quantidade. A Srta. Cálice é a estrela da vez e jogar com ela as mecânicas mudam totalmente a ponto de causar estranhamento no início. É como (re)apredender a jogar. Para usá-la é preciso abrir mão de uma relíquia, ou seja, é preciso trocar uma habilidade para equipar o biscoito que dá acesso à personagem.

Diferente dos protagonistas, a Srta. Cálice tem 4 pontos de HP e pulo duplo. Também usa o “parry” (aparar tiros e objetos cor-de-rosa) na forma de investida com o botão de “dash”, e este também serve como ataque para derrotar inimigos normais.

Compensando a ausência de uma relíquia equipável, Cálice possui uma esquiva especial (abaixar + botão de dash) que permite atravessar qualquer projétil ou ameaça sem sofrer danos. O problema é que este comando não é muito prático e na hora do caos, acaba esquecido já que o vício de mecânicas com Xicrinho/Caneco predomina.

Na batalha Os Uivos do Vento, não mate esses cachorros voando ao seu redor. Acerte tiros normais em cada um até as mochilas soltarem fumaça escura para ativar uma etapa secreta da batalha.

Além disso, a loja do Toucinho traz mais três novos tipos de tiros e acesso a mais três relíquias inéditas (para Xicrinho/Caneco) que dão um charme e aprimentam a brincadeira. Além disso, as três novas Superartes da Cálice são bem distintas e, de certo modo, bem apelonas.

Parece pouco, mas não é bem assim

A DLC só tem batalhas contra chefes, cinco batalhas “convencionais”. Mas também há um mistério a ser resolvido que dá acesso a uma batalha secreta extra, além, claro do chefão final. Só aqui são sete grandes inimigos para derrotar.

Se achar pouco, há uma arena flutuante chamada Salto D’el-Rei que traz mais quatro batalhas especiais contra inimigos relcionados ao tabuleiro de xadrez (O Cavalo, O Bispo, A Torre e A Rainha). O diferencial aqui é as batalhas são vencidas apenas usando parry.

Uma vez que vencer as batalhas especiais, vem o desafio A Contenda, que consiste em vencer as quatro batalhas seguidamente sem morrer. Agora, falando especificamente dos chefes convencionais, o jogo oferece uma fase de avião, uma com três planos diferentes para subir e descer, uma nos céus (o avião funciona como uma plataforma móvel), outra numa arena de gelo e, por fim, um combate contra o gigante da montanha.

Cada fase é bem criativa e bonita de cer, com sacadas tão sensacionais ao longo de suas diferentes etapas. Mas o destaque, sem dúvida, fica para a batalha contra a vaca Maria Muunita. Ela talvez seja a mais interessante visualmente e a que a galera deve xingar pra c$#@0 achar mais difícil, além do confronto contra o chefe final.

Cada uma dessas batalhas têm a dificuldade Fácil e Normal disponíveis. No modo Fácil as batalhas são curtas (algumas etapas são puladas), já no Normal o combate fica mais completo. E tudo é impressionante quando se trata de detalhes, especialmente no nível das animações de inimigos, dos cenários e de coisas que acontecem em reação a suas ações. O esmero que o estúdio MDHR depositou aqui é digno de aplausos e valoriza muito o seu dinheiro.

Esticando a brincadeira

Um desafio interessante é que na quarta ilha há um mistério cuja solução é aleatória. É preciso reunir pistas, a começar comprando uma relíquia quebrada, depois falando com o fantasma e então conversando com três competidores de escalada. Cada um deles fala frases onde algumas palavras indicam direções. Estas direções são usadas para cionar três das noves lápides do cemitério em determinada ordem.

No mapa, gire a alavanca esquerda para chamar Genésio

É preciso entender a ordem das dicas para acionar as lápides corretamente que dão acesso à batalha secreta. Mas quanto à solução o jogo tem um leve problema em pt-br. Embora ele seja 100% localizado e o trabalho nos textos seja excelente, a adaptação dessas falas em si deixam a solução do enigma confuso.

Nesse único momento do jogo é mais prático deixar tudo em inglês (você pode mudar o idioma durante o jogo, sem mexer no sistema do videogame), pegar as dicas e solucionar. O legal é que cada jogador vai ter uma solução distinta. E a batalha secreta é um combate especial, tão diferente quanto criativa. É tudo tão simples que chega é fácil se confundir e morrer muito até entender como os papéis se invertem na ordem do que te ataca e no que não pode te atingir.

Esta batalha especial é um sonho onde se efrenta o diabão e sua versão anjo

Agora a batalha final, essa é simplesmente uma das coias mais impressionantes, tanto pelo dinamismo quanto pela quantidade de coisas acontecendo na tela e o número de etapas. Aqui as habilidades que você lapidou serão postas à prova. E é difícil não ficar impressionado com o número de coisas animadas se movendo na tela. É um espetáculo!

Depois que você vence a batalha final, não desanime ainda. Além de abrir a dificuldade Especialista em todos os chefes, nesta condição há muito mais elementos na tela, projéteis mais rápidos e inimigos mais resistentes e reativos. Conseguir o Nota S não será fácil, mas vira questão de honra e o teste final para suas habilidades.

Além disso, a relíquia quebrada se transforma na relíquia Divina e ela adiciona um grau extra de desafio: quando equipada, seu personagem possui apenas 1 ponto de HP e toda vez que usar dash, tiro ou pulo, seu tiro muda aleatoriamente — com a aleatoriedade vem o benefício de outra relíquia, o Anel de Coração, e você pode acumular até 3 HPs usando parry.

Derrote todos os chefes do jogo normal com a Srta. Cálice garante uma roupa extra para ela

Indo mais além

Como dito antes, The Delicious Last Course é de um capricho incrível. E quando você pensa que fez tudo que podia na DLC, vá terminar o jogo normal, de novo, usando a Srta. Cálice. E jogar com ela no jogo traz uma uma nova dinâmica à maioria dos combates que, verdade seja dita, ficam bem mais fáceis. Da mesma forma, jogar com Xicrinho/Caneco na DLC parece ser bem mais difícil.

E a atenção aos detalhes é tão grande que caso morra para cada chefe em diferentes etapas da batalha com a Srta. Cálice, verá frases inéditas direcionadas à ela. E na batalha contra o diabão, se você aceitar o acordo com ele, também verá a personagem “dominada” junto de Xicrinho e Caneco. Tá tudo bem amarradinho e lindo.

A Superarte III da Srta. Cálice a faz liberar uma legião de fantasmas sobre os inimigos

Tá, mas você acha que vai sofrer muito em Cuphead? Um recurso adiconal que vem com a DLC é a possibilidade de invocar Genésio, o gênio gamer. Ele concede três desejos (multiplica a sua quantidade de HP) mas cada desejo funciona uma vez antes de cada batalha. Porém, se você terminar o jogo normal uma vez, Genésio pode ser invocado infinitamente para conceder desejos — mas esses desejos só têm efeito jogando nas dificuldades Fácil e Normal.

O modo coop é divertido, mas puramente caótico com tanta coisa acontecendo na tela

Para ser sincero, não importa quando ou quanto você jogue Cuphead, ele sempre se mostrará único, atemporal, divertido e desafiador, seja jogando sozinho ou em modo cooperativo. E o mesmo se aplica na The Last Delicious Course que consegue dar passos com seu nível de qualidade excepcional, além de se integrar muito bem à experiência como um todo. Talvez o “problema” é que ela acaba rápido. De qualquer forma, o estúdio MDHR tá de parabéns.

No mais, fica o meu protesto contra a Sony que vende o conteúdo pelo dobro do valor praticado nas outras plataformas.

Jogo: Cuphead: The Delicious Last Course   ■ Publicação: Studio MDHR   ■ Desenvolvedora: Studio MDHR
Plataformas: Switch, PS4, PS5, Xbox Series S/X, PC   ■ Lançamento: 30/06/2022

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