Crítica | Cursed to Golf: um roguelite incrível e desafiador

Se tem uma coisa incrível na cena independente de jogos é a liberdade e criatividade na mistura estilos e elementos na criação de “jogos quimera” e muitos tendem a ser bons demais — aquele tipo de aposta que as grandes produtoras já não ousam arriscar.

Nesse quesito, a produtora japonesa Chuhai Labs, antes conhecida como Vitei Backroom, deu uma tacada de mestre com Cursed to Golf, um jogo simplesmente fantástico!

Purgatório do “Golf-like”

Mesmo não sendo um fã de jogos de esporte, não nego que caí de amores na primeira partida por este jogo que é, fácil, uma das propostas mais legais e criativas de 2022: é um jogo de golfe (dã!), com uma dinâmica de plataforma e ação (visão lateral), física no controle da bola, subversão das regras do esporte e uma historinha divertida. Tudo junto e misturado com o gênero roguelite.

Você controla um jogador obcecado, prestes a se consagrar uma lenda do golfe, mas na última tacada… BUM!, cai um raio no seu taco e vai pro beleléu! Na verdade sua alma cai no “purgatório do golfe”, onde é abordado pelo excêntrico Escocês, um jogador que está preso neste local há séculos. Ele explica que é possível voltar à vida caso vença os 18 buracos do purgatório, um tarefa quase impossível já que O Vigia está sempre de olho em você.

A trama é simples, mas fica interessante já que você vai querer descobrir a verdade por trás da sua morte que não aconteceu exatamente por obra do acaso.

Por trás da estética super charmosa, da trilha sonora chiptune espetacular e sua mecânica simples e gostosinha, Cursed to Golf surpreende. É um jogo que testa sua perspicácia e exige muita estratégia.

O campeão dos campeões

São apenas 18 fases, cada uma com trajetos intrincados bem únicos, repleto de obstáculos e situações que só tendem a piorar. O nível de dificuldade é uma montanha-russa de emoções, onde ora você vibra se achando o gênio da matemática com tacadas mirabolantes, ora fica pensando “vá à m%$#@, sap#&$@ é impossível!“ em frases compostas dos mais variados impropérios e, talvez, até sinta aquela vontadinha de tacar o controle na parede.

Basicamente cada fase tem sua dificuldade definida de acordo com a complexidade do terreno e muitas vezes parece que o jogo quer chocar você com isso. Pelo menos ele é bastante didático e bem divertido enquanto apresenta suas mecânicas e regras, então não pule o tutorial ou vai se arrepender.

São apenas três tipos de taco para alternar durante o jogo todo: DRIVER (manda a bola longe), IRON (tacadas de distância e altura mediana) e WEDGE (tacadas curtas e altas). Alguns terrenos da fase possuem armadilhas naturais como areia e grama alta. Se a bola cair nesses lugares, apenas tacos específicos são utilizados para sair, mas também existem zonas de perigo como água e espinhos (e outras mais) que te fazem perder a bola e gastar uma tacada à toa — e se a bola for destruída, há uma penalidade extra.

Ao definir o taco, é preciso ajustar a força. Nesse momento uma barrinha fica enchendo e esvaziando, o que é meio chato, e basta apertar o botão na medida desejada. Se errar, pode cancelar e tentar de novo. Depois é preciso definir distância/altura da tacada se orientando pela linha guia que se move constantemente mostrando o trajeto da bola. Embora não pareça, essa sequência de ações fica bastante natural.

Você sempre começa uma fase com cinco tacadas disponíveis, mas pode obter algumas mais para continua ao destruir Estatuetas de Prata (vale +2 tacadas) ou de Ouro (vale +4 tacadas) espalhadas pela fase. Também pode usar cartas de suporte para ganhar tacadas instantaneamente. Mas atenção: caso zere suas tacadas na partida, você perde. E sempre que perder, tem de começar tudo de novo… lá da primeira fase. Eu tinha citado a palavra “roguelite” antes, né?

Algumas maldições duram até dois turnos, mas jogar de ponta cabeça exige o dobro de atenção e sagacidade

As cartas adicionam efeitos na bola e até dão meios para cortar caminho e burlar regras, por isso não fique segurando cartas, use-as sempre que puder, mas com sabedoria. As cartas são coletadas gratuitamente (de forma aleatória) em baús nas rotas do minimapa e compradas nas lojas Eterni-Tee — o dinheiro é obtido em baús e vencendo as fases, mas neste último caso há um bônus que depende de da quantidade de tacadas, quanto menos usar até completar o buraco, melhor.

Existem vinte tipos de cartas com características únicas para ajudá-lo a burlar as regras

Mas existem duas pegadinhas: as rotas do minimapa com baús pelo caminho sempre levam a uma fase amaldiçoada. A tal “maldição” é um efeito aleatório para atrapalhar como vento, chuva, bola pesada, tela virar de ponta cabeça, desorientação etc., coisas que duram alguns turnos. Além disso, o preço das cartas nas lojas vão de “caramba, tá caro” à “inflação galopante” conforme avançar nos territórios do jogo.

Dentro das lojas é possível trocar as cores da sua roupa (são muitas!) e até guardar cartas no fichário. Ao guardar cartas, caso perca a partida, você pode recomeçar e usar as cartas desde o início. As 18 fases são separadas em quatro territórios e cada um dá acesso a alguns tipos específicas como broca, foguete teleguiado, fogo, gelo, atravessar qualquer obstáculo físico e até usar portais para encurtar caminhos.

Tá no jogo, é pra usar!

Cada território também possui uma “batalha” contra um chefe, que se resumem a ver quem bota a bola no buraco primeiro. Mas cada adversário tem vantagens sobre você: as tacadas têm o dobro da força da sua e, dependendo do adversário, o terreno é manipulado pra te sabotar.

Por outro lado, durante as batalhas surgem Estatuetas Verdes que, quando quebradas, atordoam o adversário e te dão a vantagem de um tacada. É preciso usar tudo a seu alcance para vencer, tanto cartas quanto atalhos e o próprio terreno e suas armadilhas. Afinal, O Vigia não quer que você vença e a dificuldade oscilante do jogo reforça muito isso.

Sempre que vencer um chefe, ele te dá um item especial que pode ser usado uma única vez, seja para criar um checkpoint (caso morra, volta do ponto criado), ganhar reposição de tacadas automaticamente caso fique zerado e até renovar, e alternar aleatoriamente, o seu o estoque de cartas.

Não seja afobado na hora de acertar a força e a direção da bola

Mesmo que o jogo pareça difícil em alguns momentos, ele é bem redondinho e consistente, prático, divertido e viciante. “Ah, mas esse lance de perder tudo e começar de novo…”, pois é, talvez esse seja o impencilho para os impacientes, mas honestamente eu vejo isso como um desafio bem interessante. Até porque o jogo dura umas 4 horinhas se você jogar de boa, mas os apressados entram num loop irritante de frustração.

Mas calma que dá pra manipular o jogo e anular o roguelite da equação: caso cometa um erro que comprometa sua vitória, abra o menu principal do videogame e saia do jogo. Depois abra-o e escolha a opção “Continue”. Pronto!, o boneco aparece na entrada da fase que você estava jogando, com tudo o que foi conquistado até aquele momento (dinheiro, cartas, etc.), sem gastar nenhum benefício e com seu histórico de desempenho imaculado.

E você pode fazer esse “truque” sempre que quiser para jamais precisar recomeçar o jogo, mas isso alivia parte do desafio… se bem que do terceiro chefe em diante a dificuldade das fases sobe de forma ridícula.

Perseverança

Cursed to Golf vai muito além das tacadas casuais, da precisão e do ângulo perfeito. Ele é um excelente jogo que a todo momento te faz querer arriscar e usar tudo o que ele apresenta. Fácil de jogar, mas difícil de dominar. E se você do tipo nostálgico, vai se sentir atraído pelo charme retrô cativante.

Esse Pterodáctilo é um dos grandes problemas das últimas fases, ele causa ventania para ferrar suas jogadas

Ele é a combinação ideal entre simplicidade, desafio e estratégia, onde além de jogar bonito é preciso ser criativo e determinado a analisar o cenário se quiser superar os obstáculos. E o final, de certa forma, meio que conversa com você sobre todos os perrengues, superação e a seriedade que muita gente demonstra em jogar. E este aqui é muito maravilhoso.

Jogo: Cursed to Golf   ■ Publicação: Thunderful   ■ Desenvolvedora: Chuhai Labs
Plataformas: Nintendo Switch, PS4, PS5, XBox One, Xbox Series X, PC   ■ Lançamento: 18/08/2022

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