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Crítica | Em Hell is Others, o inferno são os outros mesmo

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Uma experiência frustrante, mas ao mesmo tempo instigante. Esse é Hell is Others, um jogo de terror de sobrevivência focado no jogador contra jogador e contra os eventos do próprio game. Prepare-se para ser tirado do sério aqui.

Diferente, mas bom?

Fui completamente pego de surpresa com esse jogo. Esperava um jogo de terror isométrico (visto de cima), com um combate um pouco mais travado para dar aquela sensação de “sem muito o que fazer aqui”, com aquela exploração básica de sobrevivência e uma história sem pé nem cabeça. Claro que algumas expectativas foram entregues, mas outras me surpreenderam de uma maneira absurda.

Primeiramente, não tinha entendido ainda a razão do game se conectar a um servidor. Aí as peças foram se encaixando. Ao utilizarmos o elevador para o cenário de combate do game, um flash na imagem revela nossa verdadeira forma, a de um monstro bizarro.

Monstro esse, que é bastante comum no mapa de ação do jogo. E aí o clique: alguns monstros são jogadores! Tá tudo misturado, e por isso, o jogador contra jogador e contra evento, tudo ao mesmo tempo.

O jogo fica extremamente mais tenso quando nos damos conta disso. Some isso ao fato de não podermos nos comunicar com ninguém ao nosso redor, uma visão limitada do mapa à sua volta e o desespero de cruzar com alguém e ser imediatamente atacado. Quem atacar primeiro vence, né?

Às vezes uns olhares comunicativos o suficiente entre jogadores (contra a IA não adianta nada), criam alianças temporárias em que ambos não se atiram e buscam finalizar a missão sem perdas (de vida, no caso). É muito legal quando isso acontece, porque ambos estão lutando para entender e se dar bem no jogo, mas ao mesmo tempo, sobreviver é a chave do sucesso, e para isso é preciso passar por cima de qualquer coisa que apareça em seu caminho.

O que eles chamam de jogo de extração – coleta de itens e retirada do mapa são e salvo – fazem o game girar. A questão de sobrevivência e aprimoramento de itens durante a passagem pelo mapa também dão o tom do jogo. Um battle royale com menos sobreviventes, mas todos bem espalhados por um mapa cheio de perigos controlados pela inteligência artificial.

Sinceramente, é difícil saber o que é pior: encontrar outro jogador desesperado ou algum monstro gigante invencível que faz a gente se desesperar e fugir cometendo um monte de erros (e deixando de lado um monte de itens que ajudariam no progresso do jogo).

História bagunçada (mas uma hora vai fazer sentido)

Uma insônia de outro mundo, um bonsai perdido na porta do seu apartamento que só pode ser regado com doses cavalares de sangue, uma rachadura no seu banheiro que ganha vida e isso é só o começo de todas as perturbações na vida de Adam, personagem principal de Hell is Others.

Cada descida na cidade rende itens que podem ser coletados (num inventário minúsculo) e o negociante da região compra quase tudo o que você coleta, mas é preciso se ligar nos dias da semana e no que ele está interessado.

O jogo é dividido em dias da semana, e para avançá-los, é preciso sentar no sofá e “relaxar” esperando o próximo dia pouco agitado da sua semana. Cada vez que dormimos no sofá, avançamos na trama, mas só podemos fazer isso depois que certos requisitos daquela parte forem cumpridos.

A história é confusa pela falta proposital de informações, mas aos poucos somos melhor elucidados. O lance é que todo esse mistério atiça o jogador a descobrir mais sobre aquele mundo, o problema mesmo é a dificuldade para avançar de forma satisfatória.

É que por ser um uma história que só avança quando você é bem sucedido no gameplay, e o gameplay é um pvp alucinado que vai demorar um pouco para pegar as manhas, tudo fica irritantemente complicado. Nenhum jogador de campanha para um jogador vai querer avançar o jogo sem cumprir as missões da “primeira fase”. 

É preciso criar um certo desprendimento em relação ao sucesso ou fracasso das suas investidas na cidade baixa, senão o jogo nunca vai avançar e você vai se irritar (e enjoar) do game rapidamente. Isso porque ao longo da jogatina, outros elementos de gameplay são destravados, como por exemplo a personalização do apartamento de Adam, a fabricação de novos itens como geladeiras, armários maiores, tudo em prol do armazenamento dos itens obtidos nas investidas à cidade. Ah, tem também a sua munição, que precisa ser plantada nos vasos que você vai adquirir aos pouquinhos durante o game.

Probleminhas de servidores

Por ser um game multiplayer, é preciso se conectar aos servidores do jogo. Por estarmos no Brasil, os servidores mais próximos são os da América do Norte (não existem servidores brasileiros para o game). Não que isso seja um problema, já que não existe muita lentidão no game durante as partidas.

O que pegava mesmo eram as quedas de conexão, que anulavam as partidas, exigindo o recomeço do round. Por sorte os servidores agora estão estáveis o suficientes para que esse tipo de coisa não aconteça mais.

O segundo problema de um jogo focado no combate entre jogadores é que não dá para saber até quando vão existir jogadores ali. Por ser tratar de um indie game, é bem capaz que o game perca a (pouca) relevância que tem em breve, então a melhor hora de começar a experimentar o game é agora.

Hell is Others é uma experiência diferente. Vale muito a sua curiosidade, especialmente se gosta de um bom jogo de sobrevivência, cheio de elementos de terror e atrelado a um mistério instigante.

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