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Crítica | Live A Live – Um Remake de Respeito

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Uma das coisas que mais gosto em JRPG’s são suas mecânicas únicas e elementos diferenciados, mas às vezes tenho a impressão de que os RPGs atuais estão seguindo a mesma receita de bolo e nos entregando experiências muito parecidas. Sinto falta da inovação e criatividade que os desenvolvedores precisavam ter nos 16 e 32 bits por conta da limitação técnica (mas não sinto falta da limitação em si).

É então que somos surpreendidos com um remake de LIVE a LIVE lançado dia 22 de julho de 2022 para Nintendo Switch, um JRPG originalmente lançado para Super Famicom mas que nunca saiu do Japão. Live a Live faz parte de uma extensa lista de jogos dos anos 90 que nunca ganharam uma localização oficial para o ocidente.

Mas para vocês entenderem bem o que eu estou tentando dizer, vamos começar do começo.

Criação do Jogo

A primeira versão de LIVE A LIVE foi lançada diretamente para Super Famicom em 1994 e como eu disse anteriormente nunca chegou ao ocidente, sendo esse REMAKE de 2022 a única maneira de joga-lo de forma oficial.

Takashi Tokita é o diretor original do jogo e supervisiona a nova versão.

Live a Live foi a primeira vez de Takashi Tokita como diretor de um jogo da Square Enix (Até então Square Soft na época). Tokita já havia trabalhado como diretor de batalha e roteirista de Final Fantasy IV e mais tarde seria o diretor responsável por títulos importantes dentro da empresa como Parasite Eve, Final Fantasy: The 4 Heroes of Light e Chrono Trigger.

Yoko Shimomura foi a responsável por toda trilha sonora do jogo.

Mas Takashi Tokita não foi o único grande nome a trabalhar em LIVE A LIVE, tivemos também a participação da lendária compositora Yoko Shimomura fazendo seu primeiro grande trabalho dentro da Square. Acho muito difícil você não conhece-la, mas se esse for o caso, Yoko é super conhecida por ser a responsável pela trilha sonora de Kingdom Hearts bem como Final Fantasy XV, Super Mario RPG e é claro a icônica trilha sonora de Street Fighter II para CAPCOM.

Apesar do seu status de clássico cult, LIVE A LIVE infelizmente foi um grande fracasso comercial, vendendo apenas duzentas e setenta mil cópias em toda sua vida, mesmo para os padrões de 1994 foi considerado um fracasso pela Square. O interessante é que conforme os anos se passaram ele foi ganhando vários fãs que conseguiam joga-lo por conta de almas caridosas que traduziam de forma não oficial para o ocidente chegando até a ser chamado de Final Fantasy VI killer (Matador do Final Fantasy VI), por alguns fãs do gênero.

História Experimental

Assim como em Octopath Traveler você pode jogar as histórias em qualquer ordem que desejar, mas tudo se encaixa no cenário final. LIVE A LIVE foi o primeiro RPG eletrônico a utilizar esse tipo de narrativa sendo o precursor de RPG’s com enredos entrelaçados que vieram depois como Kigdom Hearts: Birth by Sleepy e o próprio Octopath Traveler.

Agora onde LIVE A LIVE realmente se difere de todos esses jogos é na variação de cada cenário, o jogo usa um sistema de combate baseado em turnos, mas cada personagem tem seu toque especial, uma mecânica única de combate que faz com que você sinta que está jogando jogos diferentes, por exemplo: O cenário do Japão feudal é fortemente baseado em furtividade enquanto o cenário do Futuro Próximo oferece a capacidade de ler a mente das pessoas para aprender as informações necessárias para progredir na história.

Outra coisa que torna cada personagem de LIVE A LIVE ainda mais único é o fato de que cada um deles foi desenhado por diferentes artistas de mangá, isso faz com que cada personagem e cenário pareçam únicos, porque cada um deles atende a um estilo visual diferente. Nomes de mangakás famosos como Gosho Aoyama (Detetive Conan) e Ryōji Minagawa (Spriggan) são listados como colaboradores do projeto.

Infelizmente por conta da tecnologia HD2D (que é ótima) o remake parece ter um estilo gráfico mais unificado, mas você ainda consegue perceber a variação dos artistas nos vários designs pelo jogo.

Mas como está o Remake?

Muitas fãs do jogo original ficaram com medo desse remake, tendo em vista o trabalho preguiçoso e totalmente dispensável que a Square Enix vem fazendo em seus remakes e remasters de jogos antigos. Remasters recentes como os de Chrono Cross e Final Fantasy VIII fizeram com que muitas pessoas ficassem com o pé atrás com LIVE A LIVE, mas fique tranquilo o jogo foi supervisionado diretamente por Takashi Tokita o diretor original e felizmente entrega tudo que estávamos esperando.

Chrono Cross Remaster foi massacrado pela critica.

Mas falando especificamente do jogo, apesar de ser o remake de um jogo de quase 30 anos atrás, LIVE A LIVE conseguiu me passar uma sensação de novidade que não experimentava a muito tempo com jogos de RPG eletrônico utilizando agora a motor gráfico HD2D originário de Octopath Traveler utilizado também em Triangle Strategy e que será utilizado no remake de Dragon Quest 3 e também em Eiyuden Chronicle: Hundread Heroes o sucessor espiritual de Suikoden da Konami. Muito dessa sensação de novidade se deu porque em um único jogo eu consegui experimentar várias mecânicas diferentes com cada um dos personagens principais.

Octopath Traveler foi o primeiro jogo a usar o motor gráfico HD2D.

Isso mesmo, você não leu errado, eu disse “personagens”. Em LIVE A LIVE você pode escolher começar a jogar com qualquer um dos sete personagens principais do jogo, de um homem das cavernas até um robô de manutenção futurista, cada um com sua própria história individual se passando em alguma época diferente da humanidade mas depois de completar os sete cenários, um oitavo capítulo ambientado na Idade Média é desbloqueado, que por sua vez desbloqueia um capítulo final unindo as narrativas se você jogou Octopath Traveler vai estar em casa.

Você pode jogar na ordem que bem desejar.

Como já comentei anteriormente acompanhamos a vida de sete personagens distintos em épocas diferentes, são eles:

O homem das cavernas Pogo – na pré-História
O mestre em artes marciais Shifu – na China Imperial
O Pistoleiro fora da lei Sundown Kid – no Velho Oeste
O ninja Oboromaru – no Japão Feudal
O lutador de rua Masaru Takahara – nos tempos atuais
O órfão com poderes psiônicos Akira Tadokoro – no Futuro Próximo
O Robô de Carga Cube – no Futuro Distante

O jogo também recebeu dublagem em grande parte dos seus diálogos deixando o jogo com uma carinha mais atual e a trilha sonora foi totalmente rearranjada e supervisionada novamente pela competente Yoko Shimomura.

Considerações Finais

Uma última curiosidade, se você é fã de RPG eletrônico com toda certeza deve conhecer Undertale, aquele RPG indie que fez muito sucesso à alguns anos atrás (excelente por sinal), quando o remake de LIVE A LIVE foi anunciado o criador de Undertale, Toby Fox, compartilhou que a música do jogo influenciou fortemente a trilha sonora de Undertale em especial na composição da icônica música Megalovânia.

A música de Undertale foi fortemente influenciada pela trilha sonora de LIVE A LIVE.

Mais um exemplo perfeito da influência que LIVE A LIVE teve nos JRPG’s mas que infelizmente muitas pessoas nem façam ideia disso. LIVE A LIVE é definitivamente um JRPG que precisa ser jogado por todo mundo que é fã do gênero.

Com toda certeza um grande acerto da Square Enix e nos resta torcer para que a empresa trate com tanto carinho e competência os próximos remakes que forem lançar.

■ Jogo: Live A Live  ■ Publicação: Nintendo  ■ Desenvolvedora: Square Enix
■ Plataformas: Nintendo Switch   ■ Lançamento: 22/07/2022

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