Crítica | Mulher-Hulk ep. 08: Melhor episódio desde a estreia

Quem diria que deixar a própria Jennifer ser a personagem divertida do episódio resultaria no melhor episódio da série desde a sua estreia, hein?

É claro que a aguardadíssima estreia do Demolidor no seriado ajudou e foi uma das melhores partes do episódio. Mas eu argumento aqui que a verdadeira razão para este episódio ter sido consideravelmente melhor que a média da série (e foi algo que beneficiou o anterior também, que não foi dos piores) foi a decisão de não perder tempo com subtramas e nem dispersar as piadas com outros personagens, mas focar na Jennifer e fazer dela a principal fonte das melhores piadas do episódio. Foi engraçado, foi objetivo e foi coeso, e toda a série deveria ter sido assim desde o começo.

Eu sempre bato na mesma tecla aqui, mas é que o problema vinha sendo recorrente: Mulher-Hulk nunca utilizou muito bem seu plano de fundo de “comédia de tribunal”, inclusive deixando vários casos para serem resolvidos por outros personagens em vez de sua protagonista. Aqui, o caso foi quase o mesmo. O Homem-Sapo queria processar o tal estilista que fez o traje e os ternos da Jennifer por mal funcionamento do próprio traje de herói dele, e eis que surge nosso querido Matt Murdock para defender o costureiro (ele chega a explicar que pega uns casos para ganhar um dinheiro, e isso meio que explica por que ele faria o próprio traje em Los Angeles nesse universo, o que é bacana). O caso é resolvido muito rapidamente (também não era dos mais complicados, de qualquer forma), então, foi mais um episódio em que a parte legal da premissa é mal aproveitada.

Mas foi assim justamente porque o episódio precisava ser um pouco mais objetivo e formar o casal Jen-Matt rapidamente, e funcionou. Foi uma das poucas vezes em que a Jennifer pareceu uma personagem divertida e carismática, assim como foi no primeiro episódio, fazendo dupla com o primo Bruce Banner. Será que é questão de química com um bom ator? Ou é o roteiro dando preferência para uma dinâmica igual entre as partes, já que os roteiros claramente beneficiavam mais o Wong e o Blonsky nas cenas deles, em vez da Jennifer?

O fato é que a direção foi consideravelmente eficiente em criar essa química entre os dois, e a formação do casal não pareceu forçada quando aconteceu. A química funcionou não só romanticamente mas também nas cenas de ação, que… eu diria que foram as melhores da série até aqui, mas isso nunca foi exatamente o foco, então nem chega a surpreender. Ajuda o fato de nós já gostarmos do Demolidor e estarmos esperando por ele, obviamente, mas também é legal termos um outro herói que proporciona um tipo completamente diferente de ação na tela — com uma famigerada cena do corredor e tudo.

O que funcionou menos foi a resolução da Jennifer de se tornar a super-heroína Mulher-Hulk. Já venho falando bastante aqui do quanto parece que essa autoaceitação dela parece ir e voltar com frequência na série, e essa deve ter sido pelo menos a segunda, talvez terceira vez em que ela decide que pode aceitar ser uma Hulk (até a montagem de abertura do episódio é sobre como é legal ser uma Hulk, sendo que no episódio passado a resolução é quase contrária a isso) — mas com o adendo de realmente praticar heroísmo, com traje e tudo mais. O que deixa isso ainda mais esquisito é que ela tenha tomado a decisão (pelo menos, considerando a maneira como a cena foi dirigido) só ouvindo um discursinho de um cara que ela acabou de conhecer. Tudo bem que eles têm química juntos, mas essa cena em particular foi um tanto exagerada, sem falar na perda de agência da própria personagem.

O episódio tem uma quebra no final, e mais uma vez, um dos poucos usos de quebra de quarta parede da série é para o roteiro se explicar, o que continua sendo um negócio meio covarde — mas foi um episódio decente, então perdoa-se. O próximo episódio é o último, e a subtrama da Inteligência será concluída, mas esse cliffhanger parece mudar bastante do status quo da personagem dentro do universo das histórias, de uma personalidade admirada para, potencialmente, um monstro perigoso, o que não só é mais um comentário sobre como a mulher precisa estar eternamente vigilante e ser sempre “excelente” em tudo, porque qualquer deslize e sua reputação não volta mais, como também rendeu o melhor uso de quebra de quarta parede da tela, no qual, em vez de os roteiristas usarem a personagem para se explicarem, eles fazem a Jennifer olhar para nós quase como se em busca da nossa compreensão e ajuda naquele momento. Realmente muito bom.

Veremos como o roteiro vai conseguir amarrar tudo isso e dar à série uma conclusão. Será que teremos uma conclusão? Ou apenas outro gancho para outras séries Marvel? Torço para que o bom exemplo da coesão deste episódio seja seguido na sua semana final.

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