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Crítica | Os Anéis de Poder ep. 02: Cada vez melhor, mais misterioso e até mais divertido

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Os Anéis de Poder continua, em seu segundo episódio, em “modo prólogo”: ainda não está exatamente clara qual será a trama da série, mas estamos sendo apresentados aos personagens, cada um em seu lugar, e um clima de suspense, como a calmaria antes de uma tempestade, inunda toda a narrativa. Essa atmosfera é o que carrega — muito bem, por sinal — o seriado, mas, neste capítulo dois, a produção começa a experimentar com outros tons.

O que significa que tivemos um episódio muito mais divertido que o primeiro, principalmente com o maior espaço para o núcleo dos pés peludos e a ótima introdução dos anãos e a ótima interação entre Elrond e o príncipe anão Durin (Owain Arthur), o que é algo muito bem-vindo, pois, mesmo que a atmosfera grandiosa e poética do primeiro episódio continue aqui, e continue muito eficiente, não dá pra ter cinco temporadas desse jeito.

É uma disputa difícil, quando se tem os sempre carismáticos anãos, mas o núcleo pé peludo da série é realmente muito divertido e simpático. Nori e sua amiga Papoula (Megan Richards) fazem uma boa dupla, nessas desventuras típicas de hobbits, arrastando por aí um homem misterioso que caiu do céu com muita dificuldade. Inclusive, ótimo trabalho de câmera da produção, que fez algo próximo da primeira trilogia de Peter Jackson e criou uma série de ilusões de ótica para que os atores ficassem pequenos em comparação ao praticamente gigante homem barbudo, além das ótimas cenas em que ele grita numa língua estranha e todo o ambiente é afetado por sua presença. 

O tal homem misterioso, vivido por Daniel Weyman e creditado até o momento apenas como O Estranho, é um mistério que deve ainda se sustentar por boa parte desta temporada, suponho. Há quem chute que seja Gandalf chegando à Terra-Média (até sua provável “magia” é visualmente parecida com os efeitos que os filmes de Peter Jackson usavam em Gandalf, quando ele falava e parecia maior que a própria casa de Bilbo), o que seria uma mudança no cânone, já que ele é enviado pelos Valar na Terceira Era… porém, ele (e todos os outros Istari) são enviados justamente por causa da ameaça de Sauron, então não seria a pior das mudanças, apenas uma diferença de datas. Há também quem chute que é Tom Bombadil, o que faria bem menos sentido. Se acontecer, Anéis de Poder é Série do Ano, e tenho dito. 

Suas cenas e a performance de Weyman são ótimos, principalmente os lindos efeitos visuais, com as chamas de sua cratera se apagando e acendendo novamente, ou a linda e sinistra cena dos vagalumes morrendo no final do episódio, mais um daqueles momentos em que o seriado emprega sua beleza onírica para criar a atmosfera de catástrofe iminente.

Porém, mesmo que Nori e Papoula sejam muito legais, é complicado concorrer com a dinâmica de casal separado entre Durin e Elrond.

Somos introduzidos a Khazad-dûm em seu auge, diferente de como vimos o local em O Senhor dos Anéis, e os cenários digitais apresentam um reino subterrâneo longe daquela ideia de uma sucessão de cavernas e pedras e escuridão: são salões belíssimos, todo um sistema de luzes que se refletem com espelhos, água, árvores, arquitetura e beleza. Essa caracterização é essencial para que faça sentido os elfos precisarem da ajuda de anões para construir a tal forja que Celebrimbor (Charles Edwards) quer criar (fiquem de olho nessa forja).

Mas, acima da beleza de Khazad-dûm, quem rouba a cena é a dinâmica entre Elrond e Durin. É como se estivéssemos assistindo o capítulo mais bem produzido da história de Os Normais. É maravilhoso. E, claro, temos a ótima estreia de Disa (Sophia Nomvete), mais uma personagem criada originalmente para o seriado, e uma adição muito bem-vinda, até mesmo para a construção daquele mundo, com sua explicação sobre o seu trabalho, fazendo pedras ressoarem com música para saber onde escavar.

Esse é um núcleo que avança um pouco menos a trama, algo que prepara coisas mais para o futuro, apenas. De mais imediato, temos o núcleo das terras do sul, que efetivamente vê a chegada de orques saindo de todo canto. Se por um lado, temos a boa cena claustrofóbica de Arondir nos túneis, investigando para ver o que há do outro lado, por outro, temos a um pouco pior executada cena em que Bronwyn e seu filho Theo matam um orc como se estivessem numa cena de Esqueceram de Mim. Não chega a ser grande problema, porque a sucessão de acontecimentos da cena consegue fazer com que tudo pareça mais por acaso, sem dar a impressão de que eles são grandes guerreiros… mas não é o melhor momento do seriado, nem de longe.

Porque, se é para alguém parecer “badass”, essa alguém tem que ser Galadriel. O episódio dois é nomeado baseado em sua trama, “À Deriva”, e assim, a vemos no mar, sendo resgatada por um grupo de humanos desconfiados nos destroços de um navio. Morfydd Clark continua ótima na sua performance de uma Galadriel obstinada e quase obsessiva, mas neste episódio, a personagem não tinha tanto assim a fazer. É uma ponte necessária (ela deve, em breve, conhecer reinos humanos ameaçados pela chegada de Sauron, pelo jeito) mas foi um episódio inteiro presa no barquinho lutando contra um monstro… boas cenas, mas nada de grande destaque.

Foi um episódio bem mais variado que o anterior. Tivemos ação e comédia e drama e até um pouco (mais) de romance, já que rola uma clara química de casal de comédia romântica entre Galadriel e o humano Halbrand (Charlie Vickers). O potencial enorme do seriado só se expande — nem conhecemos todos os personagens ainda! E Anéis de Poder segue impossível de ser ignorado.

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