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Crítica | Os Anéis de Poder ep. 05: Lá e de volta outra vez à Terra-Média

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No seu ritmo particular, Anéis de Poder vai chegando ao seu clímax. Não é um ritmo que agrada todo mundo, mas com certeza não me desagrada. É até uma experiência interessante, em sua dissonância: estamos, o tempo todo, sentindo a ameaça chegar, mas as peças se movem muito lentamente, e o sentimento é de uma crescente aflição.

O que este quinto episódio fez foi espelhar dois núcleos para marcar uma virada no enredo dessa temporada — afinal, estamos exatamente na abertura da segunda metade dela, que terá oito episódios no total. De um lado, Númenor finalmente parte para a Terra-Média para combater a ascensão dos orques e o retorno de Sauron; e do outro lado do oceano, o povo das Terras do Sul se prepara para enfrentar os orques, liderados por Adar, frente a frente. A estratégia de fechar o episódio com a partida dos navios de Númenor logo depois de vermos as tropas de Adar avançando é muito boa, uma ótima maneira de recompensar nossa expectativa e o senso de urgência que o seriado vinha empregando até aqui.

E esses são os dois núcleos nos quais a história parece andar num ritmo mais… humano, digamos, em vez do lento e cerimonial ritmo élfico. Na torre de vigília, Arondir, Bronwyn Theo já passaram por uma série de incidentes e reviravoltas, a essa altura, porque é esse o ramo da trama utilizado para que a ameaça seja mais palpável. Mas os heróis do núcleo não foram os destaques, esta semana. Antes de mais nada, o próprio Adar parece ter certo potencial para ser um personagem mais interessante do que parecia de início. A cena na qual ele lamenta não poder mais sentir o sol futuramente foi o momento no qual o passado dele começou a me interessar. Não que eu ache que ele seja alguém importante no passado (sei lá, alguma teoria estapafúrdia de que ele seja, digamos, o Fëanor, algo bobo assim), mas eu realmente quero saber em que contexto ele traiu os elfos para jurar lealdade a Sauron (supostamente).

Mas o verdadeiro vilão do episódio foi o pior ser humano da Terra-Média, o babaca do Waldreg. Mas a cena dele é mais do que uma catarse pra quem já odeia o desgraçado. Serve também para levantar a dúvida (porque essa parece ser a maior arma de Anéis de Poder até o momento — vamos ver até quando funciona): Por que ele atacou Waldreg quando foi chamado de Sauron? Será que foi só uma questão de intimidação? Ou Adar não serve a Sauron? Talvez haja mais do que estamos vendo.

É também bastante inteligente enquadrar essa partida em uma trama complexa de diferentes agendas e uma confusão enorme de maus presságios. Um mote muito forte da série até aqui vem sendo o quanto a divisão entre os diferentes povos desse mundo pode ser a sua ruína, mas existe um porém aí, que precisou ser levado em consideração, que é aquele velho “fator prequel”: nós, assistindo a série, sabemos quem vive, quem morre, onde tudo vai parar. Sabemos que os elfos não vão ser extintos, que Galadriel precisa viver até conhecer o Frodo, etc etc. Por isso, a solução esperta da série foi brincar com as diversas profecias e visões e mostrar que algo está para acontecer, mas ninguém lá, no momento, sabe dizer exatamente o que é. Então, mesmo que os navios tenham partido de Númenor, o velho rei Tar-Palantir alerta sua filha Míriel de que só o que os aguarda na Terra-Média é a escuridão. O que ainda se conecta com essa certa, digamos, hesitação do próprio seriado: o próprio mundo interno da história não sabe se deve ou não partir para a guerra.

Por outro lado,  que sorte de Anéis do Poder ter acertado na duplinha DurinElrond, e todas as cenas entre os dois são muito gostosas de se assistir — apesar de, ou, de certa forma, justamente por que a amizade entre os dois não faz lá muito sentido — porque todo o enredo ao redor deles parece, até o momento, uma enorme forçação de barra. O destino dos elfos depende… do Mithril??? Tudo bem, a série fez um certo “retcon” do Mithril, e até criou uma justificativa criativa para nós nunca termos ouvido falar que esse metal tem o poder da última das Silmarils, dizendo que a criação dele é contada em uma “lenda apócrifa”. Mas, com tanta coisa mais palpável acontecendo, esse papo de Mithril e todas essas intrigas entre elfos e anões parece muito estranhamente deslocada do todo. De repente, teremos uma recompensa satisfatória no final da série e eu vou ter que me retratar (assim espero!), mas, por enquanto, a única graça dessa subtrama é ver Durin e Elrond sendo os caras mais legais da Terra-Média.

E por falar em carisma… se eliminássemos todo o resto do elenco e transformássemos Anéis de Poder em Nori e o Estranho, eu estaria aqui para dar nota 10 para a série.

Que falta os pés peludos fizeram no episódio passado. E que linda a abertura desse episódios, com a cantoria de Papoula nos guiando pelo mapa da Terra-Média em belíssimas transições com as tomadas abertas das locações. Esse núcleo não avançou nada, exatamente, mas adicionou mais algumas camadas de mistério à figura do Estranho, não só com as cenas em que ele parece perigosamente violento (ele mesmo fica se perguntando se não é um perigo aos pés peludos), mas, principalmente, com aquele grupo esquisito de acólitos vestidos de branco inspecionando o local de sua queda. Será ele Sauron?

E só para fechar as especulações: este episódio parece ter se esforçado para afastar a imagem de Halbrand da suspeita de ser Sauron. Ainda não sabemos se ele é mesmo um rei, mas não parece ser o Senhor das Trevas. Veremos.

Foi mais um lindo episódio da série. O ritmo é um tanto complicado de se acostumar — não sei quantas vezes já falei que “agora vai”, mas… agora vai!

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