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Crítica | Os Anéis de Poder ep. 06: Terra-Média arrasada

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Depois de uma longa e paciente construção, Anéis de Poder finalmente afunila suas subtramas, promove o encontro dos númenorianos com o povo das Terras do Sul e entrega seu episódio mais emocionante até aqui.

Foi um episódio que demonstrou um admirável autocontrole: os episódios anteriores tendiam para uma estrutura quase que de “checklist” dos diferentes núcleos de história, algo que criava aquela sensação de um mundo vasto e também trabalhava a ideia de essa ameaça do mal estar afetando toda a Terra-Média chegando até Númenor. Neste, a série resolveu apresentar apenas as partes que se chocariam diretamente, o que deixou o episódio muito mais objetivo e coeso.

Infelizmente, isso também causou a pior coisa do episódio, porque o momento em que os núcleos se encontram é bastante esquisito. Como as coisas vinham acontecendo com muita distância umas das outras, sempre foi complicado estabelecer se elas aconteciam simultaneamente ou não (tirando na cena da queda do meteoro vermelho). Aqui, enquanto a resistência organizada por Bronwyn Arondir parecia acontecer ao longo de uma só (longa) noite, as tropas lideradas por Galadriel, Halbrand Elendil chegavam a cavalo à luz do dia. O momento em que essa resistência perde e é encurralada em uma taverna ocorre quando ainda estava muito escuro. Passamos, assim, a tomadas dentro da taverna, claramente iluminada para parecer que lá fora estava o mais absoluto breu. Mas eis que surge a cavalaria númenoriana e o dia já está brilhando. Não chega nem a ser uma cena de amanhecer (como Galdalf na batalha do Abismo de Helm, por exemplo); simplesmente já está dia. É bem esquisito. Fora o fato de eles saberem que tinham que ir exatamente para lá, e chegarem no exato instante em que chegaram, mas podemos dizer que Halbrand conhecia a região, talvez… vai saber. O outro grande problema é que essa primeira metade do episódio é extremamente escura, mas essa já é uma batalha perdida com essas séries com fotografia “cinematográfica”.

Pelo menos, esses foram os únicos defeitos (ou os mais relevantes), porque, tirando isso, o episódio foi impecável. Sua primeira metade foi toda dedicada aos esforços de Bronwyn e Arondir, e houve um cuidado todo especial em deixar claro que nada do que eles fazem é muito absurdo ou mirabolante; são os recursos que eles têm à mão, e que nem dão lá tão certo assim, no fim das contas. É um grupo de pessoas comuns e um guerreiro elfo arqueiro capoeirista maneirão, não um exército, afinal. Foi um trecho que contou com boas lutas mais coreografadas, mas também foi bastante visceral, e criou mesmo um medo de que algum personagem mais importante fosse morrer a qualquer momento, principalmente Bronwyn.

Tudo fica mais interessante porque Anéis de Poder conseguiu criar um bom elenco de personagens originais para a série, com cada vez maior destaque para o vilão Adar, um personagem que não parecia nada de mais de início, mas vem se provando mais que apenas um obstáculo físico para os heróis. Adar lidera suas tropas de um jeito um tanto diferente do que estamos acostumados dentro do mundo de Senhor dos Anéis; ele exorta seus orques não como um bando de animais do mal, mas como um Aragorn da vida fazia nos filmes anteriores. Adar acredita numa causa, ao que parece, e o decorrer do episódio deixou isso ainda mais claro.

A virada, com a chegada de Galadriel, Halbrand e os númenorianos, deixou tudo mais épico e instigante. Não só porque ele veio com lutas legais e malabarismo em cima do cavalo (mas manda mais que é divertido), mas porque foi o momento no qual o roteiro concentrou muitas informações, e meias-informações. Principalmente em relação a Halbrand.

O grande mote do debate dos fãs em relação à série é a pergunta “Quem é o Sauron?”. Halbrand é um dos maiores candidatos, e este antepenúltimo episódio parece colocar um pouco mais de lenha na fogueira. Ele parece ter uma história com Adar, mas qual, ainda não está claro. Na verdade, nada está claro sobre ele. O roteiro deste episódio é inteligente ao fazer parecer que explicou alguma coisa, quando na verdade ele não disse nada claramente. Não disse o que Adar fez a Halbrand, não afirmou de verdade se ele é o tal rei prometido, e, mesmo que ele tenha confirmado, ele seria esse rei em que termos? Se as Terras do Sul já juraram lealdade a Sauron um dia, e muitos (como nosso querido pior ser humano da Terra-Média, Waldreg) ainda aguardam seu retorno, então será que o “rei” neste análogo de “Retorno do Rei” não é o próprio Sauron? Claro, são só especulações até aqui, mas essas especulações vêm sendo uma das partes mais divertidas de Anéis de Poder.

Sendo que uma outra parte extremamente divertida é ver como a série é bonita. O final deste episódio foi um dos mais impactantes até aqui. Waldreg estava com a empunhadura de espada, que na verdade era uma chave para um sistema de comportas para liberar uma barragem e causar uma erupção vulcânica (algo que, aparentemente, é possível sime os roteiristas pesquisaram muito antes de fazer), e tivemos uma lindíssima sequência ao melhor estilo filme catástrofe, com Galadriel olhando diretamente para o desastre à sua frente, e sendo a mulher mais cool de toda a Terra-Média. E assim, está marcado o maior ponto de virada da série até aqui, com tudo indo pelos ares… mas ainda deixando no ar exatamente quem vai lutar contra quem. Afinal, Adar não parece estar do lado de Sauron… então quem vai lutar contra as forças humanas e élficas? Para uma “prequel”, Anéis de Poder consegue a proeza de deixar muitos mistérios ainda por serem solucionados, e isso, por si só, já é um feito. Mesmo com o ritmo incomum (e às vezes errático), o seriado ganha cada vez mais força na reta final de sua primeira temporada.

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