Já tendo mais ou menos me adaptado ao conceito de Shikimori’s Not Just a Cutie, o segundo episódio do anime me trouxe um novo drama: isto me interessa?
Se o primeiro episódio me deixou intrigado para entender qual exatamente é a proposta aqui, o segundo me fez pensar se o anime vai efetivamente fazer alguma coisa com a proposta, seja ela qual for. Claro, continua uma ótima produção, e um anime 100% inofensivo, além de ser quase um slice-of-life, então “não acontecer nada” é meio que o ponto da coisa. Mas existe uma “piada central” aqui — Izumi é um completo incapaz e precisa ser protegido pela namorada Shikimori, o próprio John Wick de cosplay em evento de anime, o tempo todo —, mas será que existe algo além desta piada central?
Não conhecendo o mangá original, eu posso estar falando besteira aqui, mas talvez o padrão do anime seja realmente este: a cada episódio, uma situação em que o Izumi vai quase morrer, e a Shikimori vai performar como uma máquina de eficiência absurdamente linda. E, ok, este episódio conseguiu extrair pelo menos mais uma camada dessa relação, o fato de que a Shikimori é tão incrível que atrai uma legião de fãs, e as consequências disso.
Algumas consequências são só boas piadas, como a amiga do grupo, Yui Hachimitsu (claramente virada no Rivotril) organizando um meet & greet da Shikimori com limitação de tempo e tudo mais; ou o momento em que eles estão vendo a Shikimori jogando e todo mundo fica com aquela cara de impressionado-apaixonado-com vergonha olhando “aquele cara lindo”, incluindo o próprio Izumi, que precisa ser lembrado de que esse “cara” é a própria namorada. Mas outra consequência é trabalhar o ciúme que vem disso. E não deixa de ser interessante ver que 1) o ciúme vem dos dois lados, já que tanto o Izumi fica sem graça e se sente excluído desses momentos em que a Shikimori está rodeada de fãs e 2) a Shikimori se sente afastada do namorado nessas situações. Além disso, se há um ponto positivo na série que ainda persiste é o de que é legal ver uma relação saudável — o que é essencial, já que esta situação poderia gerar um relacionamento tóxico em que a Shikimori basicamente controla e aliena seu namorado de suas amizades. Isso daria, sim, uma boa história, mas não é esta a história que está sendo contada aqui, e isso também é bom.
Mas, tirando isso… nada de mais aconteceu no episódio dois que já não tenhamos visto no episódio um. Aqui, em vez de boliche, foi o vôlei. Mais uma vez a Shikimori estava mais ou menos hesitante, mais uma vez o Izumi a incentiva, mais uma vez a Shikimori vence com folga como se ela fosse uma atleta olímpica de todas as categorias simultaneamente. Desta vez, havia uma adversária, que sabemos que vai ter alguma importância porque seu cabelo e olhos tinham a mesma colorização digital dos protagonistas (um grito do estúdio tentando fazer com que fiquemos impressionados com a produção), mas tirando isso, não foi muito diferente do primeiro episódio.
Ainda estou no aguardo do possível drama que a abertura promete. Talvez os primeiros episódios sejam todos nesse esquema, feito para que nos familiarizemos com os personagens e suas dinâmicas, e mais tarde uma trama se desenrole. O esquema não é ruim, é um bom anime para perder um tempinho toda semana. Mas não é um esquema que me instiga, por exemplo, a escrever sobre o anime toda semana. Não vou largar por completo, e vou dar mais um episódio para ver onde o negócio vai, mas se continuar assim, eu posso perder um tempinho assistindo, mas não sei se vale a pena perder o seu tempo lendo a mesma coisa toda semana.
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