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Eleições 2022: empoderando a juventude para um voto bem informado com educação midiática

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Nota do editor: este texto é de autoria do Instituto Palavra Aberta, e foi feito a convite do Google. A organização, responsável por um dos programas mais abrangentes de educação midiática do Brasil, é apoiada pelo Google.org, braço filantrópico do Google, desde 2019.

O período eleitoral talvez seja um dos mais propícios para o crescimento da construção de narrativas e teorias conspiratórias que podem fragilizar a democracia.

Para contribuir com a melhoria do ambiente das informações e fortalecer a democracia, o Instituto Palavra Aberta se juntou ao Google.org, setor filantrópico do Google, para criar o programa EducaMídia.

Nesse programa, professores e organizações de ensino recebem capacitação e são inspirados a engajar a sociedade no processo de educação midiática dos jovens, além de desenvolver o potencial de comunicação dessa geração.

Em resumo, o programa capacita as novas gerações a consumir informação de maneira crítica, distanciada do senso comum, seja dentro ou fora da escola.

Com a proximidade das eleições no Brasil, a preocupação se volta para o desenvolvimento das habilidades e competências que ajudam as pessoas que querem acessar, analisar e checar as informações sobre o processo eleitoral.

Lançado em 2019, o EducaMídia possui projetos destinados a jovens eleitores e também a adultos acima de 60 anos (EducaMídia 60+). Até o momento, o Google.org doou um total de R$ 9 milhões ao projeto.

O que é educação midiática?

Educação midiática é o conjunto de habilidades que possuímos para acessar, analisar, criar e participar, de maneira crítica, do ambiente informacional e midiático. Vai além da detecção de notícias falsas.

No projeto, enxergamos que o professor, em especial aquele que atua diretamente com os jovens em idade escolar, é um agente fundamental nesse processo. Um exemplo é o caso do professor gaúcho Danilson da Silva, que dá aulas de Literatura há mais de 20 anos na rede pública de ensino de Gravataí, no Rio Grande do Sul.

Ao colocar em prática o que aprendeu no EducaMídia, Danilson passou a instigar os estudantes a adotarem uma postura mais consciente e responsável diante das informações que chegam pela mídia e redes sociais.

Professor Danilson da Silva

A prática de questionar e verificar as informações faz parte da educação midiática, que ajuda a combater a desinformação, a intolerância e a disseminação de discursos de ódio. Logo os estudantes de Danilson “começaram a entender o mundo de um modo diferente”, conta.

“Hoje os alunos assistem ao Jornal Nacional ou à telenovela e, no outro dia de manhã, comentam que na televisão todo protagonista é branco ou que todas as pessoas retratadas como importantes são brancas, homens e de determinada faixa etária. É uma nova visão que nasceu”, diz.

#FakeTôFora: Quem vota se informa

Outra ação importante dentro do Educamídia é o projeto #FakeTôFora, pensado especialmente para o período eleitoral de 2022.

O lema da iniciativa é “Quem Vota Se Informa” e há materiais práticos e de formação sobre educação midiática, com foco nas eleições, para professores que atuam na última etapa da Educação Básica, já em sintonia com as propostas do Novo Ensino Médio.

Com sete módulos, a iniciativa aborda o sistema eleitoral, o papel dos Três Poderes, o funcionamento das urnas eletrônicas, como ler e interpretar pesquisas, a relação entre desinformação e difamação, além de conteúdos que reforçam a democracia.

Os materiais contam com a camada de educação midiática e podem ser adaptados para docentes de qualquer componente curricular. Além de planos de aula estruturados e de fácil aplicação, há recursos de apoio para o professor disponíveis gratuitamente no site.

Professor de História no Ensino Médio em São Paulo, na capital paulista, Márcio dos Anjos apostou na trilha educativa do projeto #FakeTôFora para engajar os alunos do 3º ano do Colégio Magno, no início de 2022.

Na atividade desenvolvida por Márcio, que estava ensinando o período entreguerras e regimes totalitários nas aulas, os adolescentes fizeram buscas na Internet, analisaram notícias sobre democracia e eleições e discutiram em grupo.

Para o educador, a escola precisa dialogar com o que acontece fora dos seus muros, inclusive com as novas tecnologias e formas de comunicação. As chamadas “fake news”, relata, já fazem parte do universo dos alunos e é essencial que os educadores se envolvam.

“Muitos alunos trazem questionamentos das redes sociais e perguntam se é verdade ou não, existe essa preocupação. Nessa hora, é preciso parar, conversar e conciliar a demanda deles com os temas programados para as aulas.”

Em Sobradinho, no Distrito Federal, a educadora social Tereza Lana também aproveitou os materiais e formações do EducaMídia para impactar adolescentes de 15 a 17 anos em situação de vulnerabilidade social.

Tereza aliou as atividades do #FakeTôFora à campanha realizada nacionalmente pelo TSE, Tribunal Superior Eleitoral, para que jovens a partir dos 16 anos participassem do processo eleitoral de 2022.

Com a ação, conta a educadora, metade do grupo conseguiu emitir o título de eleitor e está apta a participar do pleito.

“Os alunos se divertiram muito e tiveram acesso a informações essenciais para que possam, inclusive, combater as fake news em suas famílias, que estão conectadas e acessam notícias, principalmente, pelas redes sociais. Tenho trabalhado para que eles saibam reconhecer a desinformação e tenham contato com veículos de informação de qualidade”, afirma a educadora.

Evitando a proliferação das notícias falsas

Como mostram os relatos dos educadores, nosso desafio para as eleições de 2022 é enorme e exige a participação conjunta da sociedade civil e dos governantes para evitar a proliferação de desinformação.

É preciso, portanto, avançar na implementação de programas de educação midiática, de análise crítica da informação, na identificação e diferenciação entre fatos e opiniões.

Eleitores devem se preparar para identificar conteúdos enganosos e, com isso, se proteger na hora de exercer a maior expressão da democracia: o voto.

Sobre o Instituto Palavra Aberta

O Instituto Palavra Aberta é uma entidade sem fins lucrativos que advoga a causa da plena liberdade de ideias, pensamentos e opiniões. A partir de pesquisas, estudos, seminários e campanhas, busca promover a liberdade de expressão, de imprensa e de informação como pilares fundamentais para o desenvolvimento de uma sociedade forte e democrática. Desde 2019, lideramos o EducaMídia, um programa de educação midiática com objetivo de formar professores, produzir e difundir conteúdos sobre o tema, com apoio do Google.org.

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