Crítica | Mulher-Hulk ep. 06: Dá tempo de mudar a protagonista?

Num certo momento deste sexto episódio, Mulher-Hulk se torna tudo que deveria ser.

Temos um caso de divórcio envolvendo uma pessoa com superpoderes — Craig Hollis, o Sr. Imortal, que é de fato um personagem Marvel e é um mutante nos quadrinhos, ou algo parecido —, que brinca com os poderes de imortalidade dele, e aí, nossa protagonista Jennifer Walters protagoniza uma cena divertidíssima, na qual ela, com todo esse carisma que ela tem, usa seu conhecimento como advogada e sua personalidade divertida e resolve tudo no papo, costurando acordos com as vítimas numa cena muito boa, que encapsula todo o potencial do seriado.

Ah, não, perdão. Essa cena foi com a Nikki.

É meio inacreditável a maneira como essa série é escrita, a essa altura. Mais uma vez, temos um caso jurídico envolvendo alguma coisa de superseres ou superpoderes, e mais uma vez, não é nossa protagonista advogada superpoderosa que resolve. Este episódio me deu a sensação de que era só os roteiristas pegarem todas as cenas da Nikki e trocarem o nome para “Jen” e pronto, teríamos uma série e, acima de tudo, uma personagem bem mais divertida. E, claro, fazer o favor de estruturar a série em torno de casos judiciais com super-heróis.

Em vez disso, a Jennifer está presa em uma trama de casamento. A essa altura, a quebra de quarta vem sendo usada quase que exclusivamente para que os roteiristas se justifiquem metalinguisticamente. Aqui, tivemos a Mulher-Hulk olhando para nós e pedindo desculpas: “É, gente, meio nada a ver meter um casamento aqui no meio da temporada, mas casamento é assim na vida real, falaí!” Chega até a ser covarde.

A ideia do casamento não é de toda ruim, veja bem. Como parte fundamental dessa série até aqui são as desventuras amorosas da Jen, faz sentido colocá-la em um casamento, fazê-la refletir sobre a vida, rolar um flerte com um cara bonito, etc.,etc. Ainda não consigo entender muito bem por que a piada principal com a Jennifer é que ela é tratada como uma idiota perdedora por todo mundo à volta dela mesmo ela sendo conhecidamente uma ótima advogada e a mulher mais forte do mundo, mas beleza. Tudo bem que algumas dessas coisas nós podemos colocar na conta do comentário social: ninguém pediria pro Bruce Banner pra lavar louça num casamento no qual ele é o padrinho. Mas enquanto algumas dessas piadas são plenamente verossímeis (como, por exemplo, todas que envolvem o homem hétero com muito mais autoestima do que deveria ter), mas este episódio me pareceu um nível meio exagerado dessa piada. Eu até, inclusive, achei que a ideia aqui seria que a amiga de escola com a qual ela não falava há tempos tinha convidado a Jennifer justamente pra exibir que é amiga da Mulher-Hulk, mas no fim, foi pra… ridicularizá-la em público? Sei lá.

Bom, também tem a Titânia, mais uma piada rasteira desse roteiro. É um misto de rivalidade feminina (um mote forte deste episódio como um todo, inclusive) com futilidade tanto da cultura da beleza quanto da cultura dos influencers. “Zoar” influencers invejosos que só querem saber de like, a essa altura do campeonato, já é chutar cachorro morto. É difícil até medir o quanto é culpa da composição básica da Jameela Jamil para a personagem, ou se ela realmente não tinha muito com o que trabalhar, aqui.

Pelo menos, a personagem tem, de certa forma, uma função prática: ela serve de primeiro sinal de que, agora que Jennifer é, quer ela queira ou não, uma super-heroína, ela se torna alvo de supervilões.

E com isso, temos uma… trama? É isso? O resto da série vai ser uma caçada contra a Mulher-Hulk por parte de algum grupo do mal? Bom, com certeza não isso, mas é o que parece estar sendo construído. E, olha, eu sempre fui contra essa abordagem para este seriado (sempre disse que a melhor coisa que se poderia fazer seria criar uma espécie de Harvey, o Advogado no UCM), mas, a essa altura? Pode ser. É alguma coisa. Nos dê alguma coisa. Seja lá o que for.

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